Introdução

O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma condição crítica que exige intervenção rápida e eficaz. A prescrição pós-infarto geralmente inclui uma combinação de medicamentos destinados a reduzir a mortalidade e prevenir novos episódios de infarto. Entre eles estão os betabloqueadores, amplamente utilizados para evitar sobrecarga cardíaca a longo prazo. No entanto, a eficácia desses medicamentos em pacientes com fração de ejeção preservada tem sido questionada.

O Estudo

Um estudo recente publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) investigou a eficácia dos betabloqueadores em pacientes com IAM e fração de ejeção do ventrículo esquerdo preservada. Os pesquisadores dividiram 5020 pacientes em dois grupos: um recebeu betabloqueadores e o outro não.

Resultados

Os resultados foram surpreendentes: não houve diferença significativa na mortalidade ou na ocorrência de novos infartos entre os dois grupos. Os dados mostraram que 7.9% dos pacientes no grupo dos betabloqueadores e 8.3% no grupo sem betabloqueadores sofreram eventos primários, como morte ou novo infarto. A diferença foi estatisticamente insignificante (hazard ratio, 0.96; intervalo de confiança de 95%, 0.79 a 1.16; P=0.64).

Além disso, a incidência cumulativa de eventos secundários, como morte por qualquer causa, morte por causas cardiovasculares, infarto, hospitalização por fibrilação atrial ou insuficiência cardíaca, também não mostrou diferença significativa entre os grupos.

Conclusão

Este estudo levanta importantes questões sobre a eficácia dos betabloqueadores em pacientes com IAM e fração de ejeção preservada. Embora esses medicamentos sejam essenciais no tratamento de outras condições cardíacas, seus benefícios específicos para este grupo de pacientes são agora questionáveis. Mais pesquisas são necessárias para confirmar esses achados e possivelmente reformular as diretrizes de tratamento para IAM com fração de ejeção preservada.

O Que Isso Significa para os Médicos?

Para os profissionais de saúde, é crucial reavaliar o uso de betabloqueadores em pacientes com IAM e fração de ejeção preservada, especialmente aqueles que receberam tratamento medicamentoso agudo adequado e terapia intervencionista. Este estudo sugere que a prescrição de betabloqueadores pode não ser tão benéfica quanto se pensava anteriormente, exigindo uma abordagem mais personalizada para cada paciente.

Fonte: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2401479